quinta-feira, julho 1

Dor - Parte I

-É o demônio do seu passado. Não tem como curar. A não ser que você morra.
Não podia entender. Minha cabeça não parava, lá e cá. Aquela sombra que ao meio dia estava abaixo de meus pés, agora estava projetada a minha direita. Parecia que ela falava comigo. Falava alguma coisa sobre demônios.
-Mas como toda boa doença. Não digo por ser boa para você, mas por ser árdua, ela tem um porém. Tem uma excessão. Como você sabe, ou deveria saber. Vamos dizer que a própria doença é a cura. O próprio demônio.
Mas o que diabos aquela somba parasita estava falando? Não tinha a mínima ideia. Mas continuei andando até que alguma coisa me parasse.

E mesmo que machucasse, eu queria que ele sentisse comigo e dividisse essa dor. Mas eu não podia fazer esse trato com Deus. Seria muito egoísta. Mas eu sou egoísta. Eu quero que ele sinta essa dor. Eu quero que ele saiba o que faz comigo.
Cheguei ao cúbiculo que eu chamava lar. Não havia luz. Não importava. Havia uma vela. Olhei mais uma vez para a foto e como sempre, senti pontadas por todo o corpo e caí no chão com lágrimas de raiva sobre o rosto. Talvez a sombra tivesse razão. Talvez fosse uma doença, um demônio apossado em mim.
Fui engatinhando até o telefone e tentei enxergar os números naquele telefone velho. Disquei o número tantas vezes antes discado e meus dedos automaticamente fizeram o movimento. E como sempre não atendeu. Será que ainda estava vivo? Claro que sim, coisas ruins não se vão tão facilmente. Preferi evacuar qualquer pensamento e adormecer ali mesmo.

Um pequeno desabafo

Certo ou errado, fiz o que eu queria. Não reprimi os desejos, nem ao menos os retardei um pouco. Mas agora me vem á cabeça: será que aquela era eu mesma? Será que os meus príncipios mudaram? O que aconteceu com aquela mente de opiniões formadas e personalidade própria? Não pode ter se consumado tão depressa. Era tão sólido, tão consistente, acho que vou rebobinar minha mente e tentar não me abater, como sempre acontece quando penso demais.

segunda-feira, junho 21

Mundo Estagnado

Nesse mundo estranho

Eu mudo meus pensamentos a cada dia

Mudo a alegrio

Sinto nostalgia



Mas não creio que mudará rápido

A sujeira constante

O pensamento maléfico

Desse mundo dominante



Dominado, metamorfose

E mesmo assim

Estagnado



Sem pormenores métodos certos

Com ações erradas

Tudo calado

Da cor desse mundo pálido



A consciência de cada um

Deve estar um emaranhado

Mas se porventura for certo

Certamente terá um vácuo

O que é a vida senão a morte? Senão o paradoxo da alegria? O contrário de uma estrela. O que são pessoas comparadas a formigas? Absolutamente, completamente nada. Sei que são palavras da imaturidade. Do desejo irreverente da paz. Do desejo inconformado de conhecer a verdadeira alegria. Da esperança incontestável de poder ver, mas não só á noite, mas sim nas horas preciosas e sagradas, ver o brilho de relutância da lua.

quarta-feira, agosto 26

A Cabana - William P. Young

O que esse livro faz é extraordinário, mesmo as pessoas mais ateias sentem uma pontinha de esperança. Pois é isso que Ele é, Esperança e Amor. O terror, o medo e A Grande Tristeza, são coisas pelas quais você tem que passar para descobrir o verdadeiro valor do amor de Deus. Não que Ele faça você passar por isso. Ele apenas permite. Não reclame, os Humanos que pediram independência, não queriam a interferência de Deus, mas Ele não desistiu, apenas se colocou à prova e respeitou os nossos desejos. Deus nos ama muito, Ele quer que nós sejamos parte D'ele. Eu quero ser parte do Criador, mesmo que isso me custe algumas mudanças.

Vamos ser os melhores campeões, vamos ser os melhores. Mesmo que nos custe uma falsa vida, uma cara dupla. O que importa é vencer. Deixar pessoas no chão? Não importa. Não mesmo. Vidinhas medíocres. Seringas. Taças. Pra perdedores. Do que mais você precisa?

terça-feira, agosto 25

Não é minha culpa

Saber de nada, pensando que sabe alguma coisa. Canetas, pratos, vinho barato. Convívio diário com pessoas que você nem gosta. Conflitos familiares. Aniversários de pessoas que socialmente você é obrigado a ligar. Abracinhos á pedidos. Beijinhos babados. Barbas mal feitas que pinicam. Tumulto feiral. Pelos pubianos. Livros e mais livros amontoados. Pontas duplas. O tictac do relógio da cozinha. O carro do vizinho que demora pra pegar e faz aquele barulho. As formigas que atacam até salsisha (eu pensava que elas gostavam era de doce). A nota 10 na prova nem estudada. A 2, naquela que você deixou de ouvir arebaba pra estudar. Vidros quebrados. Geladeiras vazias. Fotos em família (sorriam!). Mudança na posição dos móveis. Foto de formatura (í, ela fugiu pra não tirar). EU! o Chapolin Colorado. Atrasado, não dá tempo de passar a blusa e chega um infeliz: "tirou essa blusa daonde, de uma garrafa?". Pães de queijo sem queijo. Latido estridente do cachorro da guriazinha metida. Exclusão (ah, eu não me importo mesmo!). Até parece! Estranhos em Moscow. Perdidos no centro. Piratas caribenhos e bebuns. Mortos. De fome. TUDO É CULPA DOS PORQUINHOS. Não é minha culpa, viu?

Estou atenta ao sinal




Sente a sensação? Aquela de violência. Estamos aqui para isso. Viver aquela a "paz" que Ele deixou. Vivencie ela. Você sentirá o cheiro da fumaça e o desejo dos amantes. Do que eu estou falando? Você entende muito bem. Seres humanos são todos iguais. Ingênuos, mas nada desentendidos. Não se preocupe, eu não vou te comprometer. Fique tranquilo, a novela ainda não começou.